Coordenado pela Wariró – Casa de Produtos Indígenas do Rio Negro, com apoio da CRRN-FUNAI, o encontro reuniu produtores e produtoras dos Municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos no Pontão de Cultura/FOIRN, no final de outubro.

O encontro: “estamos aqui para aprender com as experiências dos outros”
Troca de experiências entre produtores e avaliação da Wariró foram as principais pautas do encontro, que também serviu para discutir e definir o que é economia indígena, e exercitar o entendimento e discussão de propostas para solucionar dificuldades e problemas em torno dessa temática.
Como bem disse a Professora Francisca de Santa Isabel do Rio Negro – representante da ACIMIRN (Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro), – durante sua apresentação: “estamos aqui para aprender com as experiências dos outros”. E foi o que o encontro possibilitou ao longo dos dias do encontro.
O que é economia indígena? Foi a pergunta de abertura da rodada de apresentação de experiências em andamento na região do Rio Negro. Na mesa, Renato Martelli/ISA, Rosilda da Silva/AMIRT (Associação de Mulheres Indígenas da Região de Taracúa), Ronaldo Apolinário/Gerente de Produção da Pimenta Baniwa, Marilda Ferreira/ASSAI (Associação de Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira).
Para um entendimento inicial sobre o assunto/termo que será constantemente usado nos três dias do encontro, Renato Martelli, abordou – na apresentação – o que é a economia no sentido geral e buscou apresentar experiências no mundo afora, para exemplificar e deixar claro que as experiências que seriam expostas na seqüência serem exemplos, do que se chama “economia indígena”.
E disse ainda que, quanto mais pessoas começarem a usar o termo ou buscar osentido esta será melhor definida. Ressaltou que o tema da “economia indígena” será um dos objetivos do VI Encontro de produtores.
Durante os três dias de encontro, foram discutidos e apresentados experiências em andamento na abrangência das cinco coordenadorias regionais da FOIRN (CABC, COITUA, CAIMBRN, CAIARNX e COIDI). Além das experiências já conhecidas, reconhecidas e amplamente divulgadas como a Pimenta Baniwa e Banco Tukano, foram também apresentados iniciativas em processo de organização como a de “Seringa”na região do médio Waupés, Piaçaba/região de Barcelos e feiras de produtos indígenas na região do Alto rio Negro, na região de abrangência da Escola Aí Waturá.
Como já mencionado, um dos focos do evento foi a avaliação da Loja Wariró, pelos participantes, como a possibilidade de institucionalização da Casa, que desde sua criação, em 2005, é vinculada à FOIRN.
O encontro ainda possibilitou o levantamento de novas necessidades de conhecimentos para o desenvolvimento da economia indígena, e de projetos e atividades estimuladoras dessa atividade na região do Rio Negro. E ainda, contribuiu para o exercício de descrição dos valores dos produtos, levando em conta o valor social e ambiental dos produtos.
O próximo encontro vai ser realizado no próximo ano, mas, com data e local ainda a definir. Contudo, a pauta, que já foi definida entre os participantes, será: Marketing e definição de preços dos produtos.

Por que Wariró?
Wariró é um personagem mítico, presente na maioria das narrativas dos povos do Rio Negro. Na narrativa, versão do povo Baré, ele tinha muitas filhas. E era o que ele tinha de melhor, o que ele podia usar para “conseguir” o que ele não tinha.
A narrativa conta que na mesma época, vivia o Basebó, que conhecia e fazia todos os tipos de artesanatos. Vendo isso, Wariró deu uma filha ao Basebó para ter em troca todos os tipos de artesanatos, que ele – Basebó – sabia fazer.
Portanto, produzir e vender produtos que agregam conhecimentos milenaresé uma maneira dos povos indígenas do Rio Negro acessar e ter o que eles não podem fazer, no caso, produtos industrializados.
“Ele não era um artesão, mas, um estrategista”- explica André Baniwa, expositor da Linha de Tempo da Loja Wariró, que também contou, o motivo pelo qual a loja recebeu este nome, que hoje funciona como centro de comercialização dos produtos indígenas do Rio Negro
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